domingo, 28 de janeiro de 2007

Memórias da minha aldeia



Desde miúdo ficou-me gravado na memória
aquele cheiro forte à terra,
àchuva, à natureza bruta.
Opovo tão alegre, tão amistoso
que foi ensinado a amar,
como eu fui ensinado a ter orgulho
de ter raízes nortenhas ( beirãs).
Nas faces rosadas de um povo feliz
por desconhecer a palavra "stress".
Povo destinado a acolher a burguesia citadina
de sexta a domingo.
A saudade do chiar dos carros de vacas
ao fim da tarde.
Os campos de milho e batatas…
Não é difícil idealizar o passado.
Uma vez, jurei voltar á província.
Ali toda a gente se conhece, não há azar.
Desde puto fascinado e guloso,
escutei descrições das mil e uma avarias da malta ;
"gabadas e aumentadas".
Em serões, ao redor dos carros de milho nas cascadas ou
"desfolhadas", onde se cantava
e dançava ao som do "vira"...
vozes cristalinas cantavam.
Davam-se beijos ao encontrar o milho rei,
bagaço e figos secos.
Nessa altura era-me muito difícil idealizar o futuro.
Houve uma altura que jurei ficar lá
e não sair de onde nunca devia ter saído ( acho eu ) .
Como eu (outros) cresceram num mundo já crescido.
Tão crescido que me provocava torcicolos,
Obrigados, como éramos a participar nas tarefas diárias
da vida quotidiana.
Quando pedia ao meu avô histórias da sua geração,
o rosto fechava-se-lhe não querendo falar disso...

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Autor: 𺰘¨¨˜°ºðCarlosCoelho𺰘¨¨˜°ºð
Foto da net
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