Às vezes julgamos que nos apetece crescer,
imagine-se; francamente!
É ridículo aquele gesto automático
de passar a mão pelo cabelo
antes de lhe bater à porta
ou o desejo de os contradizer em tudo,
como se não fôssemos mais
que uns adolescentes em busca de identidade.
Coitadinhos…
somos tão ingénuos que julgamos
que vamos deixar de ouvir as suas vozes
dentro de nós,
que a sua presença física é necessária
para que nos comportemos exactamente
da forma como pretendem.
Ou que façamos tudo ao contrário
do que nos disseram, numa tentativa de provar a nós mesmos
que eles já não “ mandam em nós” “ nada”.
Crescemos por fora porque não temos outra alternativa,
assumimos poses de autonomia,
porque nos dizem que é assim que deve ser.
Na prática,
impedimo-nos de correr para os braços da nossa mãe
quando esfolamos um joelho
ou cortamos um dedo.
Por dentro continuamos sempre filhos.
E quando os nossos pais ameaçam envelhecer,
ou doentes precisam de nós,
como nós precisamos deles,
agimos com a mais perfeita das infantilidades.
Batemos o pé e recusamos com determinação
a troca de papéis.
Desvalorizamos sinais e sintomas,
dizemos que é fita ou imaginação,
mas nunca doença grave.
Chegamo-nos mais perto,
aconchegamo-nos disfarçadamente como podemos,
mas proibimo-nos de deixar de usar aquele tom provocador
e ligeiramente mal-educado que sempre utilizamos.
Reagimos com os mesmos “que disparate” para o que lhe havia de dar! “Não
é nada disso”!
E todas as outras expressões que há anos ouvimos instintivamente na
defesa do nosso espaço.
Temos vontade de os sacudir, de lhes dizer:
“ Parem com isso”,
não sabem que vos compete tomar conta de mim?
Velar por mim?
Protegerem-me do lobo mau e das sombras do escuro???
Por vezes damos por nós
numa montanha russa de emoções.
Comovemo-nos e irritamo-nos,
aceitamos e simultaneamente,
recusamos até ao limite das nossas forças que percam as deles.
Não crescemos!
Não crescemos nem um bocadinho.
Podemos ser pais ou ser mães,
mas somos sempre e antes de mais, filhos.
E quando nos sentimos a perdê-los,
o que nos apetece de facto é atirarmo-nos,
para o chão e numa berraria sem fim gritar:
Apetece-me crescer… Preciso de vocês…
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1 comentário:
Ola Miki, obrigada, por ter gostado do meu blog., sabe aquelas fotos que coloco la e que voce usou, não posso mais usar, bloquearam o site, agora vou ter que procurar outro site, que pena era tão bonitas aquelas.
Paciencia..
um abraço
seu blog e muito bom..
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